domingo, 18 de julho de 2010

18/07 - My moment.

Eu fico o tempo todo querendo te agradar. Ele disse. Antes de começar a procurar o problema da minha geladeira que geme a noite inteira. Eu pude ler naquele segundo uma imensa lista idiota que passava em sua cabeça. Restaurante caro, abrir a porta, trazer flores, ligar no dia seguinte, pagar a pousada, dizer coisas bonitas ao final do dia, dizer coisas bonitas quando amanhece, gostar das mesmas coisas que eu, se interessar, ao menos, pelas minhas coisas. Me comprar uma planta. Consertar minhas coisas. Me levar no exame de sangue. Falar de mim para os filhos. Uma lista enorme. Enorme. Coitado.
Senti pena. Foi isso. Pena. A pior coisa que se pode sentir por alguém. Exatamente o que sentimos quando somos assim, incapazes desse tipo de amor agradecido ou contemplativo ou amor. E porque senti isso e não estou suportando é que resolvi dizer a verdade. Não faça nada. Quer me agradar de verdade? Não faça nada.
Eu não vou gostar de você. Nunca. Jamais. Eu jamais vou gostar de alguém. Se você começar, vou tornar sua vida um inferno. Uma vez me agradando, essa será sua rotina eterna. Sem fim. Porque nada me agrada. E tudo sempre será pouco e ridículo e até ofensivo. Então, nem comece, nem tente, não faça nada.
Eu nem estou vendo você. Percebe? Não me peça para abrir os olhos no meio da minha tentativa de me sentir através de você. Não brigue comigo porque não sei permanecer em nós na hora do brinde. Eu sequer vejo você, como posso ver isso que chama de “nós”?